sábado, 13 de novembro de 2010

ENEM 2010, ESTRONDOSO “SUCESSO”


Saint Clair L. Nascimento
A cada vez que ocorre uma lambança administrativa ou uma tranquibernice peculatária em seu governo, o Presidente transfere a culpa para a oposição e surge, então, com uma de suas afamadas metáforas.
Sim, porque é metafórico dizer à Imprensa, como o fez ao desembarcar na noite de 9 do corrente em Maputo, Moçambique, que o ENEM foi um sucesso.
Disse nosso mandatário:
“Tem muita gente que quer que afete porque até hoje tem gente que não se conforma com o ENEM, mas, de qualquer forma, ele provou que é extraordinariamente bem-sucedido.” (gn)
A amnésia de que parece sofrer o governante leva-o a esquecer-se da vergonhosa cronologia do ENEM, que nos últimos anos passou por vazamento de provas, publicação de gabaritos errados, informações truncadas e que teve sua culminância no furto de provas perpetrado por cinco funcionários da gráfica contratada pelo MEC, a CETROS, denunciados em 2009 pelo Ministério Publico Federal por peculato, violação de sigilo funcional, corrupção passiva e extorsão.
O teste de 2010 gerou turbulências jurídicas e está pendente de julgamento da Juíza Federal do Ceará, Karla Maia, preventa por ter concedido a liminar de suspensão do certame, e que poderá decretar, no exame de mérito, a anulação do mesmo, por perda de credibilidade e pelas inversões dos cabeçalhos nas folhas de respostas.
Neste ano o erário despendeu R$ 140 milhões para o teste fracassado, que afetou 4,6 milhões de estudantes em todo o Brasil e, sobretudo, frustrou as Universidades, que pretendiam usar os resultados em seus vestibulares mas, segundo Lula foi, ainda assim, um “sucesso”.
Não chego a concordar que seja coisa de cara-de-pau, como quer Reinaldo Azevedo, da “Veja”e, tampouco, sinto o cheiro costumeiro de burla, fraude, patifaria, trapaça, trampolinice...
Penso, ao contrário, que seria otimismo inconseqüente, ou mesmo ataque de ingenuidade como os de que sofria “Candide”, o discípulo do filósofo Pangloss em “L´Optimisme” de Voltaire, ao ouvir as preleções do mestre que, ante alguma desgraça ou infortúnio com que deparasse dizia, não obstante e sempre: “ ... tudo vai muito bem, neste que é o melhor dos mundos.”



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