terça-feira, 15 de novembro de 2011

ROCINHA, A “IWO JIMA” BRASILEIRA


          A primeira vez que me deparei com o pejorativo termo “favela” foi em “Os Sertões”, quando Euclides nos fala do Morro da Favela, o reduto do Conselheiro na  Canudos de 1894,  “ que não tem nem mesmo o revestimento bárbaro da caatinga. É desnudo e áspero”
          Nos anos 50 haviam surgido as primeiras favelas cariocas, muito poucas, cujo glamour era cantado por Silvio Caldas: “Favela que trago no meu coração, favela das noites de bambas, berço dourado dos sambas...” 
Monumento americano à tomada de Iwo Jima

Ontem, 13 de novembro, eram 14:00h,  quando a TV exibiu,  para o Brasil e o Mundo, a cena comovente e profundamente impactante,  do momento em que   militares do Rio de Janeiro procederam, com grande carga de solenidade e simbolismo,  ao hasteamento da Bandeira Brasileira  no “território” reconquistado e pacificado da Favela da Rocinha.
Estavam presentes inúmeras importantes autoridades, repórteres e cinegrafistas do mundo inteiro, numeroso e compenetrado publico para o ato de submissão da “comunidade”, que com o Vidigal, constituía o último “baluarte” da “bandidagem”..
Ante o episódio insólito, veio-me de imediato à lembrança, a cena mundialmente famosa da tomada de Iwo Jima pelos americanos em 1945, no final da 2ª Guerra Mundial, uma fortificada ilha do Pacífico estratégica para o bombardeio aéreo do Japão.
Ontem foi como se o Brasil, decorrido um ano da invasão do “Complexo do Alemão-Penha”, tivesse alcançado, após ingentes preparativos, a mais significativa e espetacular vitória sobre forças estrangeiras ocupantes de parte do território nacional.
E faz sentido, dado que nossos depauperados traficantes nacionais nada mais são que longa-manus dos contrabandistas internacionais de armas pesadas e dos produtores da cocaína colombo/boliviana, da maconha paraguaia e do ecstasis e outros alucinantes sintéticos que nos mandam os laboratórios europeus.
A beligerância afetou muito mais a pobre e desamparada população da “comunidade” que, a par de suportar a carga discriminatória de viver numa “favela” quando podia merecer lhe fosse atribuída - ainda que por mero eufemismo - a condição de morador de bairro, não obstante acrescido do adjetivo “pobre”, viveu sua madrugada mais insegura e mais aterrorizante.
Talvez seja o momento de passarmos a denominar “bairros”, as 18 favelas “pacificadas” do Rio e, como tal, que passem elas ser “cuidadas” pela classe política, corruptamente encastelada nos pináculos do poder público.
Do contrário, todo esse esforço pode não passar de “enxugamento de gelo”!

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