Saint'Clair L. Nascimento
Gosto das novelas globais e assisto, sempre que não tenho algo mais importante a fazer e, com o direito de telespectador arrisco-me a fazer, hoje, um comentário.
Admiro devidamente o papel social dos folhetins televisivos, que hoje levam a pureza do vernáculo aos rincões mais extremos dão País, “do Oiapoque ao Chuí”
Considero a mídia televisiva, uma atividade patriótica, na medida em que promove a identidade lingüística brasileira, difunde nossos regionalismos e preserva a comunidade lusófona da infiltração dos estrangeirismos.
No concernente aos bons e maus costumes, contudo, a mídia televisiva atua, de forma “boçal e soberana”, na medida em que leva aos lares brasileiros exemplos de condutas dissolutas, procedimentos reprováveis, explícita degradação social, familiar e moral, além de vívidas cenas de criminalidade violenta, enfim, um festival de decomposição, perversão e depravação. Sim, “Do Oiapoque ao Chuí”, a significar em todos os lares brasileiros, das regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
Em todas essas regiões, também, vivem e trabalham homens e mulheres honestos e virtuosos, pertencentes à grande Instituição Policial Militar Brasileira, proeminentemente honrados, eminentemente voltados para a defesa social, a guarda das instituições pátrias e a defesa da cidadania.
Esses brasileiros e brasileiras fardados foram atingidos gratuitamente pela insensatez dos diálogos de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, os autores da novela “Insensato Coração” das 21:00h. na TV Globo. No episódio de 29 de junho de 2011, a atriz Tainá Muller, que interpreta a jovem Paula Cortez, filha do banqueiro delinqüente Horácio Cortes (Herson Capri), contracena com um ator “barbudinho”, que interpreta um delegado de policia, e pergunta-lhe, desnecessariamente, se ele cobrava propina de motoristas bêbados.
Em sua imbecilidade, a personagem negou, dizendo, também desnecessariamente, a infeliz e equivocada assertiva: - “Não sou guarda municipal e, muito menos, policial militar”. Pus-me a refletir, então, na gratuidade da ofensa – um diálogo que em nada enriqueceu a trama - dirigida injuriosamente a um segmento específico, a classe dos policiais militares, quando sabemos que a corrupção brasileira é endêmica, ampla e irrestrita.
Ela, a corrupção, é um ente do mal, mendaz e virulento, que impera igualmente, destrutivamente e episodicamente, na mídia escrita, radiofônica e televisiva. Ela lança seus tentáculos, principalmente, em cada uma das mais elevadas instituições pátrias dos Três Poderes da Republica e dos Estados Membros, atuando com muito mais largueza e independência nos desprotegidos municípios brasileiros.
Os maliciosos novelistas Braga e Linhares sabem, obviamente, que todas as instituições são vulneráveis à infiltração corrosiva da corrupção ativa e passiva, já denunciada no Século XIX por Rui Barbosa, quando se referia à Nação “... invadida pelas hostes da rataria oficial, que se apoderou da republica brasileira, como do abandonado carregamento de um barco dado à costa.”
Como em Gêneses, 18,32 quando o Senhor disse a Abraão, sobre Sodoma: - “Não a destruirei, se nela houver dez justos".
Haverá 10 justos, na mídia global?
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