sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A ENXUGAR O GELO

      A expressão “enxugar gelo” é idiomática e usual para significar o trabalho sem sentido, sem propósito, a repetir-se sucessivamente, indefinidamente, sem que se chegue a um fim colimado.
     Assim tem sido o esforço de nossas autoridades na guerra cotidiana e incessante na tentativa frustrada de erradicar a narco-traficância que assola as metrópoles brasileiras e infelicita nossa juventude.
      Em 13 de novembro de 2011, eram 14:00h,  quando a mídia mostrou  para o Brasil e o Mundo, uma cena comovente e profundamente impactante.
       Foi o histórico momento em que militares do Rio de Janeiro, após grande e esmerada operação de guerra, consideraram pacificada a Favela da Rocinha e procederam, com grande carga de solenidade e simbolismo – como o fizeram os mariners do Tio Sam em 1945, na Ilha de Iwo Jima - ao hasteamento da Bandeira Brasileira no “território” re-conquistado, pronto para instalação de importante Unidade de Policia Pacificadora. 
          Desde o início da implantação das Unidades Pacificadoras, aterroriza-me a idéia de eventual ataque de um grande “bonde” liderado por qualquer  facinoroso chefete dos morros, que promova um assédio, um cerco a um desses vulneráveis aquartelamento de UPP, seguido de sanguinolenta chacina.
        Confesso hoje, todavia, que avaliei muito mal a inteligência nossa bandidagem. Jamais os meliantes perpetrariam tal insanidade, porque um enfrentamento e um morticínio  de tal magnitude,  não renderia os dividendos buscados.
        Muito menos traumático e muito mais eficaz é “comprar” uma UPP e colocá-la a serviço do crime, na folha de pagamento do tráfico.  Consta que assim o fez o traficante Sandro de Paula, o “Peixe”, que teria “adquirido” por preço vil - R$ 15 mil semanais - a consciência moral e profissional do Capitão PM Adjaldo Piedade, Comandante da UPP do Morro de São Carlos, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
       Os serviços que lhe teria prestado o pérfido e traiçoeiro oficial, ao inserir-se na societas sceleris,  consistiam em deslocar o  policiamento para longe da rota do tráfico e facilitar, assim,  a venda de drogas num esquema que lhe teria rendido,  de outubro 2011 até sua destituição do comando, agora, R$ 60 mil,  mensais,  que constituem os seus amaldiçoados “trinta dinheiros”. 
      É muita devassidão e muito gelo, a enxugar!

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