Na noite de sexta-feira última, no Rio de Janeiro, cerca de mil bombeiros, participantes de um movimento salarial, protagonizaram um ato de vandalismo irresponsável, ao invadir o Quartel Central de sua Corporação.
Os Bombeiros do Rio, todavia, não reivindicavam estratosféricos salários, como o percebido por algumas castas enricadas do serviço publico brasileiro. Pediam, tão somente, a elevação de seu soldo, de R$ 950,00 para R$ 2.000,00.
O Governador Sergio Cabral - indignado e exaltado - encastelado em sua alterosa remuneração de governador chamou-os de covardes amotinados, por se fazerem acompanhar de suas mulheres e de seus esfomeados filhos menores.
Atribuem a Diderot, a propósito, um aforismo bastante apropriado: - “A voz da consciência e da honra é bem fraca, quando as tripas gritam.”
O Rio, a nossa capital cultural do Brasil, tem dois aeroportos internacionais a receber diariamente centenas de turistas e executivos de todo o mundo, tem portos onde atracam os mais luxuosos transatlânticos do mundo; tem também a maior criminalidade do País mas, tem polpudos royaltes, advindos de exploração petrolífera em suas orlas.
O ato público foi, efetivamente, uma insanidade, mas entendo que a fome bateu às portas dos manifestantes, que foram impelidos a esse “estado de necessidade” pela incúria e pela desídia do Governo Cabral.
O Governador Cabral, dono da mais perversa política salarial de que se tem notícia, declarou que a pretensão estava programada para ser atendida no final do ano mas, o que se sabe é que essa penúria dos policiais militares e bombeiros militares do Rio de Janeiro vem de priscas eras e não comporta mais espera.
Segundo os levantamentos disponíveis na Internet, o Rio paga aos militares estaduais, do nível de soldado de 1ª classe, uma das menores remunerações do País, R$ 950,00. Brasília/DF, por outro lado, paga R$ 4.129,73, Sergipe, R$ 3.012,75, e ainda Pará, Tocantins, Maranhão, Goiás, Mato Groso e Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas, todos, de há muito, pagam estipêndio superior a dois mil reais.
Seria por demais maquiavélica, mas parece-nos até forma deliberada de jogar os policiais e bombeiros do Rio nos braços da, financeiramente poderosa, traficância de armas e drogas, cujas “folhas de pagamento” já contemplam tantas autoridades e agentes de autoridade.
Cuide-se, “seu” Cabral!!!!!
6 comentários:
O que está por trás dos bombeiros.
Nos últimos meses venho acompanhando as manifestações que alguns bombeiros vem realizando em frente a assembléia legislativa, ali na rua 1° de março. Confesso que estive presente nas duas primeiras manifestações deste ano, mas não mais retornei. Ficava ali, parado e assistindo cinco ou seis bombeiros e PMS disputarem o microfone, tomando minutos repetitivos que pareciam nunca terminar. Cada um querendo aparecer mais que outro. Eram sempre os mesmos. Normalmente, do lado dos bombeiros, era gente que tinha seus próprios vínculos políticos com deputados e vereadores. Infelizmente gente que verdadeiramente poucas horas de trabalho dedicou ao CBMERJ.
Tempos depois, li no jornal que seis ou sete bombeiros haviam sido presos por incitar greve. Ao ver cada nome, lembrava dos panfletos que recebi em época de eleição e me perguntava, se uma instituição centenária merecia ser usada para alavancar a carreira de meia-dúzia.
Gostaria que todos vocês ao lerem os nomes dos lideres desse movimento, fossem até o Google e checassem quais não foram candidatos nas ultimas eleições.
Os três principais lideres são:
Capitão alexandre Marchesini (Candidato a deputado pelo PR)
Capitão Lauro botto (candidato a deputado pelo PV)
Cabo Benevenuto (candidato a deputado pelo PRTB)
E os dois principais PMs que discursam sempre são:
Coronel Paul (Candidato pelo DEM)
Cabo Gurgel (candidato pelo PTB)
Será que não está óbvio que essa gente quer uma melhoria pra elas próprias?
O CB Benevenuto, por exemplo, passou os últimos 4 anos lotado em um gab de deputado e depois saiu candidato.
O Capitão Marchesini, foi candidato pelo partido do Garotinho. Por que ele não cobrou do Garotinho este aumento na época que ele era governador?
Acordem. Esse pessoal nunca foi bombeiro de verdade. Todos os que ali estão só querem usar a corporação como trampolim político. Já vi vários deputados bombeiros serem eleitos e a coisa só mudou para eles.
Quando fiz minha escolha por um serviço publico, eu sabia que o salário era baixo, mas decidi ingressar pela estabilidade. Foi uma escolha minha, troquei o salário mais alto da iniciativa privada, pela estabilidade de um emprego publico. Não vou agora me vitimizar por minha própria escolha. Isso seria safadeza.
Vejo até crianças sendo levadas aos protestos. Ora, pra que alguém vai levar crianças para uma manifestação? Só se for pra servir de escudo humano, não há outra justificativa. Isso é atitude de oportunista covarde.
Óbvio que bombeiro ganha pouco. Assim como todo funcionalismo e é uma situação que ouço desde que me conheço por gente.
Vamos melhorar sim, mas não com essa turma que aí está.
É sempre bom lembrar.
É sempre bom lembrar das palavras cheias de sabedoria e, infelizmente, sempre atuais, de Rui Barbosa, naquele discurso de 1914 no senado ...
Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo, buscando a tal "felicidade" em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade. Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!"
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
E o pior de tudo isso é a atualidade dessas palavras, que, se hoje fossem proferidas, fariam o mesmo sentido, teriam a mesma validade, seriam perfeitas para retratar o momento atual por que passa o nosso Congresso Nacional e o país.
Não é isso fruto da genialidade inconteste de Rui Barbosa, mas da nossa teimosia de errar como nação, na nossa insistência em permanecer baseados em preceitos falsos, em praticar um moralismo fingido, um empreguismo deletério no governo, a um uso da máquina pública em uso próprio que envergonha a todos.
Nosso povo segue sendo um escravo da sua própria deficiência, alimentando um esquema que o consome, num motocontínuo que vara os séculos e não se soluciona porque a sua solução implica na morte desse esquema que se mantém pela deficiência.
Postado por Washington - jfsegura
É diante de tais adversidades que a profissão-Bombeiro ainda consegue ser a profissão mais aceita e respeitada. Acompanhamos uma revolta militar histórica,comparáveis as da "Chibata" e dos "18 do forte". Foi preciso rebelião, rebeldia, indisciplina para mostrar quem realmente são IRRESPONSÁVEIS nesse país.
Faltou diálogo e negociação para atender as reivindicações da classe, já que salário de mil reais para quem coloca diariamente a sua vida em risco é simplesmente uma vergonha.De heróis a bandidos num curto espaço de tempo.Coisas de Brasil. Em nenhum momento da nossa história, o salário foi digno para os trabalhadores que realmente dão a vida ou faz o progresso do nosso país.
O Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, fez questão de taxar em seu pronunciamento de "vândalos e irresponsáveis" os bombeiros participantes da invasão ao Quartel do Comando Geral da corporação. Foi uma medida de desespero, porém, a forma de chamar a atenção contra quem parecia ignorar os problemas da classe.
Creio, mas não pratico. A fé e a vida não pratico não podem estar assim separadas. Por sua própria natureza, devem estar unidas. Uma fé sem obras é morta; obras, mesmo que piedosas, sem fé tornam-se vazias.
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