Saint Clair Nascimento
O léxico define poleiro como a vara onde as aves pousam e dormem, mas, também, popularmente, como posição elevada de mando e autoridade, o que vem a calhar quando se trata da classe política, hoje, “mais suja que poleiro de galinha”.
Os políticos estão particularmente assanhados neste final de ano, pela proximidade da campanha eleitoral de 2010, o que nos leva a esta reflexão.
Em 2006 foi preso em Brasília, quando depunha na Câmara, o advogado Sérgio Cunha – apontado como partícipe de uma quadrilha de celerados paulistas - por ter dito que se aprende malandragem com rapidez, no Congresso Nacional.
O facínora não fez mais que repetir o Presidente Lula que, quando deputado constituinte em 1988 disse que 300 dos 551 deputados federais eram picaretas, referindo-se aos farristas e fariseus que, com suas lambanças, emporcalham o mandato recebido das urnas.
A indignação nacional com essa politicagem danosa foi retratada em 2005, na cena em que o irado poeta Yves Hublet desceu a bengala na cabeça do velhaco José Dirceu, Chefe da Casa Civil do Governo Federal.
Foi na época “dos trens da alegria”, do até hoje nebuloso “mensalão”, das cuecas “dolarizadas”, da máfia das ambulâncias e da operação sanguessuga.
A essas lembranças traumáticas somam-se, agora, as “canetadas” de mais de 600 nomeações secretas no Senado, que se materializam em ostensivos e polpudos contra-cheques dos apaniguados fisiológicos e dos imperecíveis nepotes.
Estas reflexões se fazem necessárias para todos nós, que seremos convocados a exercer o direito/dever de votar “neles mesmos”, em 2010, isto é, daqui a doze meses...
As eleições vêm aí, gente!
domingo, 20 de setembro de 2009
O POLEIRO
domingo, 13 de setembro de 2009
A GUERRILHA URBANA NA BAHIA
Saint Clair Nascimento
Ao transferir de moradia um traficante de nome Cláudio Campanha, o Governo baiano esqueceu-se de pedir “autorização” ao crime.
Como conseqüência, Salvador, a bela e turística capital da Bahia, nacionalmente cantada em prosa e verso viveu, no último dia 7, um Dia da Pátria enlutado, uma celebração do terror em sua maior potencia, promovida pela bandidagem.
O saldo, até hoje, é de 19 ônibus explodidos e incendiados com coquetéis molotov, uma dezena de postos policiais metralhados, 10 bandidos mortos e farta apreensão de armas e drogas.
Tomem tento, ilustres autoridades baianas, porque estamos apenas no sexto dia, e com um crescendo diário, na brutalidade das facções criminosas!
Foi assim que aconteceu em São Paulo, no aterrorizante Dia das Mães de 2006, coincidente com a “saída temporária” de 12 mil presos, para visitas às suas santas mãezinhas.
Foi a maior quebra do equilíbrio social, a maior fissura na ordem publica, com quase 300 atentados a quartéis, delegacias, fóruns e postos policiais.
O resultado foi uma centena de ônibus queimados em via publica, 80 rebeliões em presídios paulistas e 160 mortos em confrontos de rua e em tocaias contra policiais.
A onda de luto e terror só teve paradeiro após acordos inconfessáveis entre autoridades e o bandido Marcola, como se fosse este um acatado líder comunitário e, entre o Governo e o PCC, como se fosse este um legítimo sindicato...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
SEGURANÇA NA ÓTICA DE UM MUNÍCIPE
Entre 17 e 30 de agosto último realizou-se em Brasília a Conferência Nacional de Segurança Pública, a CONSEG, na qual uma nova Cultura da Paz foi extenuantemente debatida, na busca do ansiado norte para construção de uma Política Nacional de Segurança Pública.
No Congresso Nacional discute-se, outrossim, o projeto de lei da criação do Sistema Único de Segurança Pública, o SUSP, uma proposta do Poder Executivo apresentada em julho de 2007, pela qual as instituições policiais federais e estaduais, juntamente com as do Distrito Federal e as Guardas Municipais, estarão mais unidas e coesas, no esforço comum de maximizar a segurança dos brasileiros.
O constituinte de 1998, ao institucionalizar as Guardas Municipais, inscrevendo-as no art. art. 144 da Carta da Nação, fê-lo por entender que elas viriam somar, robustecer o sistema, ampliar a área de atuação do Poder de Polícia, de forma a aproximar-se, mais, do munícipe carente de segurança e defesa, esse “pacato cidadão”, tão vulnerável.
O saudoso Ministro Hélio Beltrão, no bojo da reforma administrativa que liderava nos anos 70, ao pregar uma salutar descentralização administrativa nacional dizia que “não moramos na União nem no Estado, mas sim, no Município”.
A paz urbana e o equilíbrio social nos mais de 5.000 municípios brasileiros passa, não necessariamente pela municipalização da segurança pública, mas por uma maior inserção do município na operacionalização do sistema.
Não se prega a redução e, jamais, a supressão do papel da União e do Estado, mas de promover maior inclusão e envolvimento do Município, seja através da regulamentação das Guardas com sua transformação em policias municipais - como pregam, alguns – seja, sobretudo, com a inclusão dos municípios na partilha do “bolo” do Fundo Nacional de Segurança Pública, o FNSP.
O FNSP já existente e entesourado pelo Governo Federal, estará convalidado no art. 14 do projeto de criação do SUSP, dispositivo que, uma vez aprovado, certamente fará chegar ao município uma parcela importante de recursos, para expansão das ações de apoio ao hercúleo esforço do Estados para dar resposta compatível à crescente demanda.